Maio Laranja: violência sexual contra jovens no RS aumentou 74,75% nos últimos 7 anos, aponta relatório
Mês reflete sobre o combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. Dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, da Secreta...

Mês reflete sobre o combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. Dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, da Secretaria Estadual de Saúde. Dois eventos abordam combate à violência contra crianças e adolescentes No mês em que o Brasil se mobiliza contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, o Rio Grande do Sul revela números alarmantes: nos últimos sete anos, a violência sexual no Rio Grande do Sul aumentou 74,75%, saltando de 2.185 casos (2018) para 3.818 (2024), um aumento absoluto de 1.633 casos. Os dados são de um relatório produzido pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação, da Secretaria Estadual de Saúde. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp (O mês de maio, conhecido como "Maio Laranja", é destinado para o combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. No Rio Grande do Sul, 85% dos municípios não têm comitê e nem plano de prevenção de combate ao abuso e violência sexual contra crianças e adolescentes.) Em todas as faixas etárias, 83% das vítimas de violência contra crianças e adolescentes são do gênero feminino. Meninas negras, especialmente adolescentes, seguem sendo o principal grupo de vítimas da violência sexual. O aumento também acontece com a violência física (+ 189 casos) e psicológica (+ 324) ao longo do mesmo período, embora com menor volume total. Mais de 12 mil casos envolvendo violência contra crianças e adolescentes foram registrados em 2024, no sistema que notifica essas situações. Entre os números, estão mais de 3,8 mil casos de violência sexual, sendo 2.857 estupros e 1.323 assédios sexuais. Estupros cometidos dentro de casa, por pessoas conhecidas, são a forma mais comum de violência. "Esses fatos que estão acontecendo, [estão sendo] praticados por familiares, principalmente pais, mães, padrastos e madrastas", comenta a promotora de Justiça Cristiane Corrales. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o maior aumento geral de notificações de violência entre 2018 e 2024 aconteceu na faixa etária de 6 a 11 anos, com 1295 casos a mais. Em alguns tipos e faixa etária, o aumento da violência contra crianças e adolescentes aumentou quase em 100%, considerado o período entre 2018 e 2024. Veja abaixo. Violência contra faixa de 6 a 11 anos: +76%; Violência física contra faixa de 6 a 11 anos: +92%; Violência sexual contra faixa de 6 a 11 anos: +91%. Os dados ainda pontam que em 45% dos casos a violência é recorrente, ou seja, a vítima já havia sofrido abuso anteriormente. De janeiro a março deste ano, em 2025, 22 crianças e adolescentes foram assassinadas de forma intencional no Rio Grande do Sul. Em sua maioria, essas histórias têm algo em comum: são de meninas. Perfil Dos 3.818 casos de violência sexual registrados no RS em 2024, 84% das vítimas eram do sexo feminino. A proporção aumenta conforme a idade: entre os adolescentes, as meninas representam mais de 90% das notificações. Os principais autores são homens (89,7%) e, na maioria dos casos. A residência da vítima é o local mais comum da ocorrência — cerca de 71% dos casos. Os dados reforçam que a violência sexual é, majoritariamente, doméstica. Combate à violência Diante da gravidade dos casos de violência contra crianças e adolescentes no Rio Grande do Sul, o Ministério Público do Estado tem intensificado ações de capacitação junto à rede de proteção. Em encontros do projeto Mãos Dadas, representantes da saúde, educação, segurança pública e conselhos tutelares estão sendo preparados para identificar sinais de abuso e agir com agilidade — mesmo em casos apenas suspeitos. "Se a rede não sabe o que fazer, alguns passos são básicos e todos os profissionais têm que fazer. Então, um deles é a comunicação para o Conselho e a autoridade policial, de preferência, não só para um órgão", diz a coordenadora do CEEVSCA/RS, Rosângela Moreira. A promotora Cristiane Corrales alerta ainda que muitas das violências acontecem em silêncio, sem testemunhas além do próprio agressor. Por isso, o Ministério Público reforça o apelo à sociedade: qualquer suspeita deve ser comunicada imediatamente. “Nós precisamos que a sociedade se mobilize, que nos ajude, que denuncie, que não se cale, mesmo em caso de suspeita. Noticie a Brigada Militar, a Polícia Civil, ao Conselho Tutelar ou ao Ministério Público para que nós possamos fazer uma intervenção o mais rápido possível", comenta Cristiane. As capacitações fazem parte de uma estratégia ampla do MP-RS para fortalecer a rede e qualificar os atendimentos. A meta é garantir não apenas a proteção das vítimas, mas também impedir a continuidade de ciclos de violência que muitas vezes começam dentro de casa. "Às vezes, a identificação da violência é dentro dos setores públicos, serviços públicos e privados também, e, às vezes, é na vizinhança, aquele grito, aquele choro constante, aquela criança que apanha, ou que relata mesmo que está sofrendo violência", diz a coordenadora Rosangêla. Mão de criança Reprodução/ RBS TV VÍDEOS: Tudo sobre o RS M